Arquivos físicos e digitais no Tempo Presente: os “impensados” da História da Educação?

Resumo

Neste ensaio, afetada por questões do Tempo Presente, discuto os arquivos digitais e suas relações com dois conceitos sintomáticos da contemporaneidade: a memória e o patrimônio. Em meio a provocações próprias do tema, pondero sobre os usos desses arquivos, seus limites e potências, pensando nos leitores interessados em História da Educação, que vêm sendo subjetivados no contato com novas tecnologias, muitas vezes naturalizadas em seu ofício de pesquisar. Trata-se de um tema relevante, pela relação visceral que se estabelece entre quem pesquisa e a documentação analisada, seja ela física ou digital, relação essa que permitirá a construção do conhecimento histórico. Portanto, questiona-se: existem diferenças substanciais entre fontes digitais e fontes em papel? O uso de ferramentas digitais na prática de pesquisa é capaz de modificar os processos, percepções, intuições e a interpretação do passado? Quais os ganhos e os limites dos acervos digitais para a escrita da história? Para melhor desdobramento das ideias, organizo o texto em três seções. Primeiramente, situo a reflexão nas discussões acerca do Tempo Presente. A seguir, procuro trazer questões que envolvem a prática historiadora e o uso dos arquivos digitais. E, por fim, defendo a legitimidade dos arquivos digitais nas escolas, associada ao direito à memória e ao patrimônio, fundantes para a cidadania. Neste Tempo Presente, constituído por ondas memoriais e ânsia patrimonialista, ampliam-se vertiginosamente os arquivos digitais. Pensar nesse modo de arquivar pressupõe considerá-los como pontes, pelas suas capacidades de guardar e de serem propagados, promovendo, assim, a ampliação da produção historiográfica.